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sábado, 27 de abril de 2013

Quarto Reich


As semifinais da Liga dos Campeões da Europa concretizam e marcam o início de uma dinastia. Em um duelo particular entre Espanha e Alemanha, os germânicos saíram na frente e com larga vantagem. 

Quem parou para assistir ao duelo de terça-feira, 23, entre Bayern de Munique e Barcelona, na Allianz Arena, com certeza chegou ao final da partida com os olhos arregalados, após o atropelamento de Robben, Muller e companhia, diante do todo poderoso clube catalão. Além do 4 a 0, a supremacia dentro de campo, mesmo com posse de bola muito inferior, assustou até mesmo os especialistas. 

Um Barcelona completamente ineficiente, com Lionel Messi totalmente fora das condições ideais. O jogo de passes curtos e rápidos, acostumado a envolver e ludibriar os aflitos marcadores, deu lugar a um burocrático esquadrão blaugrana, que girava a redonda pela extensão do gramado, sem penetrar o muro vermelho formado pelos alemães. 


Na quarta-feira, 24, foi dia do Real Madrid cair de quatro diante de outro adversário alemão. O Borussia Dortmund deu aula aos galáticos, tanto no quesito técnico quanto tático. Além de um coletivismo e respeito pelo esquema implantado pelo treinador, os amarelos de Dortmund contaram com dia inspirado do polonês Lewandowski, que marcou os quatro gols alemães na partida. 

José Mourinho estava apático, assim como seus comandados dentro das quatro linhas. Não fosse falha individual do zagueiro Hummels, a partida seria impecável para o lado do Borussia. Cristiano Ronaldo deixou sua marca no 4 a 1, mas saiu cabisbaixo e consciente de que a missão é praticamente impossível, até mesmo para os milionários madrilenhos.


Nem mesmo o mais otimista alemão imaginava algo perto do que ocorreu nos dois primeiros jogos das semifinais. Procurei detalhes, números e associações que fariam o texto interessante e diferente dos milhares elogios tecidos pelos inúmeros veículos de imprensa ao futebol alemão. Acabei encontrando na história do país, ingredientes que apimentam e engrandecem o momento vivido pelo futebol alemão.

"Reich" é uma palavra alemã que significa "reinado" e frequentemente utilizada para determinar um Império. Durante a história da Alemanha, o uso dessa palavra foi marcante em três oportunidades. Foi considerado "Primeiro Reich" o Sacro Império Romano-Germânico, de 843 a 1806. O "Segundo Reich" remete ao Império Alemão propriamente dito, que durou de 1871 até o ano de 1918. O "Terceiro Reich" foi a denominação que os nazistas tomaram para seu regime, quando ascenderam ao poder em 1933, com o eleição de Hitler para presidente, fato que até hoje mancha a história alemã. 

Com isso, tomo o atual modelo de futebol alemão como "Quarto Reich". Sem remeter aos bárbaros crimes do reinado anterior, mas sim exaltando o momento mágico vivido pelos clubes e pela seleção nacional. É de encher os olhos, sem nenhum exagero, assistir ao tradicional "Fußball" acompanhar as mudanças com o passar do tempo e o tomá-lo como aliado, evoluindo e aprimorando o modelo de jogo.

O novo reinado é na bola e já toma proporções mundiais. A seleção alemã passou por uma fase de renovação, assim como está vivendo a seleção brasileira, mas com uma grande e fundamental diferença. No vice-campeonato mundial de 2002, a seleção tinha em Ballack, Klose, Oliver Kahn, Frings, Metzelder e Scheneider uma base formada. No mundial seguinte, disputado em terras alemãs, o terceiro lugar foi conquistado com os mesmo jogadores e a mescla de alguns nomes, como Podolski. 

No caminho de preparação para a Copa do Mundo de 2010, a geração passada serviu como experiência e equilíbrio para a nova fornada de jogadores, como Schweinsteiger, Ozil e Muller, que tiveram um modelo para se espelhar e trabalhar junto, mantendo a qualidade, numa transição consciente. Na edição da África do Sul, os alemães eram a sensação, goleando a forte Argentina, mas caíram para a seleção de melhor futebol do mundo, a Espanha, conseguindo apenas mais um terceiro lugar.


Porém, a capacidade de absorção e aprendizado com o erro é o que impressiona na Alemanha, país em que o futebol da seleção invadiu a liga nacional. Hoje, a Bundesliga é o campeonato mais prazeroso de se acompanhar, não só pelos grandes clubes, como Bayern e Borussia, mas pelo nível das outras equipes, excelentes estádios e torcidas apaixonadas. 

Os protagonistas do atual esquadrão alemão atuam em casa, com raríssimas exceções. O melhor volante do mundo, na opinião de quem escreve, é o maestro não só de seu clube mas também da melhor seleção do mundo. Bastian Schweinsteiger aprendeu com os ídolos, com quem jogou de perto, para poder liderar um time que promete para 2014. Um grupo não só muito qualificado, mas muito bem preparado para não mais bater na trave e tomar de vez o posto de número um do cenário mundial.

Coincidentemente, a Liga dos Campeões colocou Barcelona e Real Madrid no caminho, justo os representantes do futebol que fora pedra no sapato alemão. Não por coincidência, duas goleadas. Os resultados não caíram do céu, mas foram reflexo do domínio de um estilo novo e em constante evolução, contra um qualificadíssimo (e bipolarizado) futebol espanhol, contudo, já pragmático. 

O "Quarto Reich" é o Império que deve ser aplaudido, estudado e tomado como exemplo. A Alemanha pode dominar a Europa, já na próxima semana, com a decisão dos confrontos do Camp Nou e do Santiago Bernabéu, já planejando conquistas maiores, em terras tupiniquins, na grande batalha do ano que vem.

Igor Rodrigues

sábado, 20 de abril de 2013

#OMitoSempreSeraNosso

O panorama atual do Vasco da Gama já não é nada agradável dentro nem fora de campo. Para agravar ainda mais a situação, Dedé, o ídolo recente da enorme e apaixonada torcida cruzmaltina, acostumada com uma história de títulos e grandes times, foi negociado terá seu futuro em Minas Gerais, no Cruzeiro.

O texto a seguir é de um grande amigo pessoal, Arthur Brunelli, vascaíno fanático, escrito assim que a diretoria confirmou a saída de Dedé. As palavras a seguir têm tom de desabafo e também agradecimento ao Mito, representando o que a maioria dos torcedores está sentindo no momento.


Não tenho muito o que dizer hoje. É um dia muito triste, tanto para nós torcedores do Vasco quanto para o atleta Anderson Vital da Silva, o Dedé. Dá uma dor no coração, um sentimento de impotência em não poder fazer nada. 

Ídolos são forjados como exemplos, garra e determinação. Depois de Edmundo, Felipe e Juninho Pernambucano veio Dedé. 

Como a história dessa cara é engraçada. Uma pessoa que não esperava muito da vida, menino pobre, saiu de Volta Redonda-RJ para tentar jogar futebol. Pensou em desistir, várias vezes. Chegou ao Vasco e foi reserva do zagueiro reserva. Machucou o até então "ídolo" Carlos Alberto e o deixou fora de um jogo decisivo. Quando todos pediam sua cabeça sabem o que ele fez? Deu a volta por cima. Mostrou a tudo e a todos o quanto as pessoas estavam erradas e não sabiam nada sobre futebol e sobre a vida. 

Mostrava seriedade. Trocou seu coração por uma cruz de malta. Quando ninguém podia fazer nada em campo, ele fazia, jogando não com a razão, mas com o coração. Desarmava, combatia, brigava, marcava gols, dava passe e se precisasse, saía da defesa e ficava no ataque. Além disso, está de saída pois quer ver o Vasco da Gama sair dessa situação que se encontra.


Como não sentir falta daquele jogador que jogou Vasco x Universitário do Peru, numa noite brilhante, com gols, desarmes e passes? Ou daquele zagueiro de Vasco x Flamengo, humilhando o brilhante Vágner Love? Ou ainda do considerado, pela joia alvinegra Neymar, o zagueiro mais difícil de se passar? Quem se esquece da final do carioca, contra o Fluminense, em que o Vasco perdia e ele largou a zaga para tentar o gol? Qual vascaíno não se lembra daquela voadora contra o Guarani, quando o gol estava aberto e ele salvou em cima da linha?

Prêmio de melhor zagueiro do Brasileirão e do Carioca? É muito pouco para esse atleta que ensinou e conquistou o mundo todo. 

O futebol é injusto, mas para esse cara foi mais que justo. Colocou Dedé no patamar de ídolo, mito, mesmo zagueiro, posição difícil de se chegar a tal status. 

É com grande tristeza e com grande gratidão que posso dizer: "Vai com Deus, Dedé! Obrigado por tudo! Espero que isso não seja um adeus, mas sim um até breve.

#OMitoSempreSeraNosso

Arthur Brunelli

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Virou Rotina

Texto de Rodrigo Rocha sobre o fim da parceria entre a Medley e a equipe de vôlei do Campinas, algo que já virou rotina no mundo do voleibol nacional.



Após três anos a frente do projeto como patrocinador master, a Medley Indústria Farmacêutica retirou o seu patrocínio da equipe de vôlei de Campinas.
 
Segue trecho da Nota Oficial divulgada pela empresa:
"A Medley entende ter contribuído para resgatar a paixão do vôlei na cidade e reverencia a torcida campineira que sempre apoiou o time e tanto auxiliou a comunidade com a arrecadação de alimentos e outras ações sociais geradas nas partidas. Destaca também o profissionalismo dos atletas e comissão técnica que honraram, com dedicação e talento, a marca da empresa."
 
O time de Campinas vai se manter, pelo menos, pela próxima temporada, independente de patrocínio. Afinal, a CBV garante a participação no ano seguinte, para os times que ficarem até na 8ª posição da Superliga. Mas, o time pode perder seus jogadores mais importantes por falta de dinheiro. O que acarreta, possivelmente, no fim do projeto. Situação que vive hoje a equipe do Vôlei Futuro. Seu patrocinador master saiu ao fim da última temporada, a equipe se manteve para esse ano pela colocação, mas caiu muito em qualidade e está com os dias contados.


 Tudo bem que o patrocinador precisa de resultados e o Campinas, assim como o Vôlei Futuro, não foi campeão. Até pior. Afinal, o time de Araçatuba foi vice-campeão na temporada 2011/12 e o time campineiro foi eliminado, por duas temporadas consecutivas, nas quartas-de-final. Mas patrocinador nenhum pode esperar um imediatismo no sucesso assim como a equipe do Rio de Janeiro, que foi semi-finalista no ano passado e é o franco favorito ao título da atual temporada. O time do RJX contou com um patrocínio monstruoso e formou uma verdadeira seleção, com craques consagrados e futuros craques.
 
A Medley deveria insistir nesse projeto, que tinha tudo para crescer, cada vez mais, nos próximos anos. Mas, mais uma vez, como é frequente no voleibol, um patrocinador abandona uma equipe, deixando-a de mãos abanando. O que é lamentável.
 
Mas esse lamentável ainda é muito menor do que o lamentável do futebol. Antes as idas e vindas das equipes de vôlei do que os mares de dívidas em que se afogam as equipes do esporte mais popular do Brasil.


Rodrigo Rocha