O Maracanã voltou! O Brasil jogou no estádio renovado, com a torcida comparecendo em peso, mas não respondeu com bom futebol dentro de campo. A seleção de Luiz Felipe Scolari ficou no empate por 2 a 2 com a Inglaterra e mostrou ainda não ter um padrão de jogo, faltando 13 dias para a Copa das Confederações.
A seleção foi escalada com Júlio César; D. Alves, T. Silva, D. Luiz e F. Luís; Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar, Hulk, Neymar e Fred, e o primeiro tempo foi de domínio canarinho. O Brasil se impôs e foi mais presente no ataque, apesar de criar poucas chances de gol. Na melhor delas, Neymar dominou bola dentro da grande área, pela esquerda, contou com a falha de Glen Johnson, e tocou para o gol, sendo abafado pelo goleiro Hart, que saiu bem.
Na segunda etapa, o panorama não foi diferente, mas a rede balançou quatro vezes. Fred, oportunista, aproveitou o chute de Hernanes que carimbou a trave e marcou no rebote. Chamberlain empatou, em chute de fora da área e Rooney, em um golaço, virou para os ingleses. Paulinho deixou tudo igual em um arremate de direita, aproveitando boa jogada de Lucas.
Mantenho a postura de que amistoso serve para testes e que o resultado, a não ser que seja de outro mundo, não deve ser o mais discutido ao final da partida. O empate é o de menos. O que realmente ainda me preocupa é a falta de um padrão na formação do Brasil.
Podemos sentar nos clichês de que "o time está em formação", "trocou o treinador recentemente" e "ainda tem tempo para a Copa", mas prefiro desviar dos comentários padrões e olhar para o trabalho desenvolvido no período Felipão.
A invenção de Filipe Luís na esquerda ainda pode ser justificada pela escassez de jogadores na posição e por Marcelo ainda não estar 100% fisicamente, mas a insistência por Hulk chega a dar nervoso. É esforçado, não peca por omissão, mas não tem condição de ser titular de seleção brasileira.
Outra discussão: Paulinho. Deixar um volante da qualidade do jogador do Corinthians restrito à marcação é matar uma das principais armas que Felipão tem na mão. O treinador, que já disse que volante de saída é bonito apenas para a imprensa, segurou Paulinho na primeira etapa, ao lado de Luiz Gustavo, e liberou no segundo, após entrada de Fernando. Dentro da própria partida o volante deu a resposta ao técnico, tendo a felicidade de marcar o gol em sua primeira subida.
De positivo, o início de Neymar, que parecia que engrenaria uma boa exibição com a camisa amarela, mas caiu na segunda etapa; Oscar, mais uma vez demonstrando frieza e bom futebol; a dupla de zaga bem, praticamente nos 90 minutos, com apenas uma brecha para Walcott na primeira etapa e um bote errado de Thiago Silva no segundo tempo; e Fred, com seu oportunismo habitual.
Preocupa a lentidão do processo de renovação brasileiro, sem padrão, sem saída de jogo e com um treinador, até certo ponto, burocrático. O Brasil se torna previsível no início do jogo e parece não ter forças para mudar no meio da partida. Teremos trabalho e temos que ter paciência, mas que não se confunda com apatia.
Em dia de fraco futebol, fica mais fácil e mais agradável virar os olhos para o belo Maracanã. Os saudosistas ainda torcem o nariz - e até os entendo - mas não dá pra negar que o palco do futebol brasileiro está visivelmente espetacular.
Não tive a oportunidade de estar no estádio, mas já senti de casa a alegria de ter o Maracanã de volta. Esperamos que a seleção evolua, mas, enquanto isso, continuamos namorando o "Templo do Futebol" mundial!
Igor Rodrigues