O futebol nos proporciona emoções únicas. Desde bem pequeno, cada criança tem aquela decisão complicada para tomar, que vai refletir e interferir - muito ou pouco - no seu futuro: para qual time torcer. O pai compra camisa, bola, chuteira do seu time do coração. O avô leva o neto pra escolinha de futebol e o ensina os gritos do time preferido. Os tios e primos tentam, de qualquer forma, influenciar na escolha. E depois de muita dúvida e apresentações, a criança define pra quem torcer. E muda no outro dia. Depois volta. Fica nesse vai-e-vem durante um bom tempo, é chamado de "vira-folha". Até que entende a essência do esporte e opta pelo que mais lhe chama atenção.
A partir daí, o futebol começa a consumir aquele jovem, que cresce maravilhado e apaixonado. A rivalidade com os amigos e familiares aumenta o prazer de torcer. As regras naturalmente vão sendo memorizadas. As peladas do fim de semana passam a ser sagradas, e os jogos de domingo do time de coração, imperdíveis. Quando tudo já parece resolvido, aparecem aqueles que fazem esse prazer jamais ter fim: os grandes ídolos. São eles que não deixam o amor pelo esporte acabar. É em cada ídolo que confiamos para conquistar cada vez mais títulos. Mas o modo como são escolhidos vem mudando radicalmente.
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Seleção de 70: ídolos de uma nação na conquista do tri campeonato mundial. |
Antigamente, os grandes nomes do futebol precisavam de muito talento para atingirem o status de estrela. O mundo não se encontrava em tal estado de globalização e, por isso, a mensagem que cada um poderia passar, era com a bola nos pés, para quem acompanhava os jogos dos grandes clubes. Resultado: escreveram o nome na história do esporte, sendo até hoje comentados.
Pelé, Garrincha, Gérson, Zagallo, Nilton Santos, Tostão, Zico, Jairzinho, Sócrates. São tantos. São eles que fizeram os jovens da década de 50 em diante vibrarem, não só na rivalidade entre times, como Botafogo, Flamengo, Corinthians, mas com a camisa da seleção brasileira, que já foi representada por mérito e com muito amor. Era motivo de honra máxima fazer parte do elenco canarinho. Era também motivo de reconhecimento por parte de um povo apaixonado. São pelos nomes citados - e muitos outros - que os pais, avós e tios passam até hoje, com satisfação, a mensagem de como é apaixonante o futebol. Esse é o legado daquela geração.
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Ronaldo, ídolo brasileiro, comemora o penta campeonato mundial, em 2002. |
O esporte bretão foi trilhando outros caminhos. Acompanhando o crescimento econômico e tecnológico pelo qual o mundo passava, em meados de 2000 começávamos a nos acostumar com transações valiosas e uma remuneração cada vez maior para aqueles jogadores que eram destaque. Ronaldo, Romário, Rivaldo. Geração que teve o talento posto à prova e fora recompensada com um grande contrato milionário. A Europa começava a buscar os maiores craques. Por lá era onde o dinheiro rodava. E o que antes era movido pela paixão, ganha tons de mercado, ainda com resquícios de prazer por apenas representar a camisa de um grande clube.
Mas o mercado cresceu. O assédio em cima dos jovens é assustador, e, pensando apenas no lado financeiro, grandes atletas se perdem em campeonatos não tão qualificados. O mundo árabe entra em cena, levando grandes valores. O futebol perde a simplicidade e beleza de antes. Num mundo cada vez mais interligado, onde as informações são passadas em segundos, tornar-se referência fica cada vez mais fácil. Os jogadores viram pop-stars. Há aqueles que lutam contra a corrente, mesmo jogando em grandes clubes. Mas são pouquíssimos. Marcos, no Palmeiras; Ceni, no São Paulo; Harlei, no Goiás - pensei um tempo, esses me vieram à cabeça. A quantia no bolso vale, para grande maioria, mais do que a bola na rede. Os torcedores são conquistados por uma maciça propaganda e não mais apenas pela habilidade e talento de cada jogador. Os ídolos viram bonecos da mídia, imposições de uma cultura de massa.
O principal exemplo? Seleção Brasileira. Em épocas passadas a nação parava, fizesse chuva ou sol, de manhã ou de madrugada, para assistir àqueles que defendiam as cores do país, fosse Copa do Mundo ou Amistoso. Hoje em dia muitos assistem, claro. Mas a paixão diminuiu. A derrota da seleção é mais bem vista que a do time de coração. Mudança de valores.
Ainda assim são ídolos. A culpa de uma nova concepção no mundo do futebol não é de Ganso, Neymar e companhia. As crianças ainda se espelham neles. Se compararmos, à critério de idolatria, hoje são até mais. A facilidade de acesso aos craques faz com que a paixão cresça. Mas o reconhecimento de um Pelé, Didi, Rivelino, será difícil de comparar.
Eles ainda estão por aí, dispersos meio a um amontoado de jogadores. Mas existem. E levam o futebol à um status diferente, mas muito valorizado. Status esse que não faz com que o esporte perca o glamour.
E aí, qual é o seu ídolo?
Igor Rodrigues
Sou flamenguista e é triste realmente olhar pro time jogar.
ResponderExcluirTenho os preferidos: Love, Leo Moura ... Mas nenhum se compara ao Zico, que tive oportunidade de ver jogar. Adilio, Andrade.
O mercado ganhou mesmo da paixao, Igor. Meu ídolo é e sempre será o Galinho.
Fenomenal esse post.
ResponderExcluirTraduz o que são os ídolos recentes e o que representaram os do passado.
Sempre vou levar comigo aqueles jogadores que fizeram historia, e vi apenas em videos ou lendo livros.
Rivelino, Pelé, Zico. Não importa o time. São eles os herois.
Hoje, os meninos são até certo ponto, atrapalhados por essa mídia absurda!
Parabens. Muito bom!
Neymar e Pelé
ResponderExcluirReflexos de dois atletas que fazem o amor pelo futebol nunca acabar.
Um por apenas ser o melhor do mundo, o outro por conciliar talento com marketing.
Mas o meu ídolo sempre vai ser Paulo Roberto Falcão! Me deu muitas alegrias. Diferente dentro de fora de campo.
Intrigante como os goleiros tem uma relação mais duradoura com os clubes.
ResponderExcluirCeni, Marcos, Harlei, Fabio, Magrao ...
Interessante.
Mas meu idolo é RONALDO. O fenomeno vai estar marcado pra sempre no coração de cada brasileiro!
Sou botafoguense e dos que acompanhei, o Loco dava vontade de ver.
ResponderExcluirTecnicamente ruim, mas parece levar um pouco da paixao que voce falou Igor.
Hj o SEEDORF é o cara, mas o futebol mudou tanto, e a trajetoria dos idolos na ofoi diferente!
HERNAN BAAARCOS
ResponderExcluirRecentes, no Brasil, temos: Ronaldo, Kaka, Gaucho, Adriano, Cafu, Roberto Carlos!
ResponderExcluirEsses escreveram, de alguma forma, seu nome, principalmente com a camisa da amarelinha!
Os da antiga são lembrados pelo que fizeram.
ResponderExcluiracho que ídolo está diretamente ligado à resultado. Ronaldo é recente e pelo que ganhou, é ídolo.
Pelé é antigo, mas conquistou o que quis, é ídolo.
O meu, particularmente, é o Fenômeno. Um animal jogando bola. Fez tudo, por onde passou. Merece estar no hall da fama!
ídolo é uma coisa pessoal
ResponderExcluirE o meu é o PETKOVIC! Foi o que me mostrou o que é amor à camisa.
ZICO ETERNO!
ResponderExcluirMeu ídolo é Jesus!
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